Sindicato Rural de Bela Vista MS

Primeiras cargas de soja paraguaia chegam ao Paraná neste mês

Depois de oito anos, os grãos do Paraguai voltarão ao corredor de exportação paranaense. Na época em que a operação, conhecida por trânsito, ainda era permitida, Paranaguá escoava cerca de 1,6 milhão de toneladas de grãos paraguaios, mais da metade do volume total exportado pelo país vizinho. A decisão de interromper o recebimento de cargas partiu do então governador do Paraná, Roberto Requião, que justificou a medida na política ‘anti-transgênicos’ instituída em seu mandato.

A barreira, derrubada na semana passada, fez com que o estado deixasse de faturar alguns milhões de reais. “Se o Paraguai mantivesse o porcentual da produção exportada por Paranaguá, teríamos perto de 100 mil caminhões a mais trafegando pelas rodovias brasileiras”, calcula Ovídio Zanquete, gerente da unidade da cooperativa Lar no Paraguai. Além do pagamento de pedágios, o fluxo garantiria a entrada de dinheiro na economia paranaense e incentivaria o comércio através de gastos com alimentação e manutenção dos veículos, por exemplo, cita Zanquete.

Por outro lado, o fechamento do principal canal de exportação dos produtores paraguaios fez crescer expressivamente o número de portos de pequeno e médio porte no país vizinho, conta Nilson Hanke, assessor técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Segundo ele, até 2003, ano de interrupção dos embarques, havia aproximadamente seis portos do outro lado da fronteira. Hoje, o país vizinho conta com mais de 20 pequenos terminais. “Eles [paraguaios] só movimentam cargas por barcaças, que têm uma capacidade limitada. Isso estava elevando os custos e o tempo ncessário para que as cargas chegassem ao destino”, revela Hanke.

A movimentação inicial esperada após a retomada dos embarques paraguaios por Paranaguá ainda é muito inferior ao antigo volume de exportado pelo terminal paranaense. Os negócios fechados para este mês totalizam 30 mil toneladas, mas a expectativa do órgão que administra os portos paranaenses, a Appa, é que até o final do ano a movimentação alcance 100 mil toneladas. “Esperamos receber 1 milhão até o ano que vem. É um número para começarmos, porque acredito que nós temos condição para trazer até 2 milhões em um futuro próximo”, projeta Airton Vidal Maron, superintendente da Appa. Segundo ele, dois complexos – um armazém horizontal e outros três silos verticais – serão utilizados para atender a demanda do país vizinho. A capacidade estática das instalações é de 100 mil toneladas. (CR)

Fonte: Gazeta do Povo – Paraná