Sindicato Rural de Bela Vista MS

Cana transgênica poderá evitar mais perdas para o setor

Enquanto investimentos em novos canaviais não surgem, Embrapa apresenta planta resiste à seca

A Embrapa Agroenergia apresentou nesta semana as primeiras plantas de cana-de-açúcar transgênicas tolerantes à seca. A descoberta caiu sobre o setor como um “alívio”, já que neste momento, qualquer ação que diminua as perdas nos canaviais contribui para o aumento da

produção.

Na região Centro-Sul, a maior produtora de cana do país, a estiagem é responsável pela perda anual de 10% a 15% de toda a cana plantada. Recentemente, a seca também foi apontada como culpada pela falta de etanol.

Segundo o pesquisador Hugo Bruno Correa Molinari, da Embrapa Agroenergia, de Brasília (DF), a planta desenvolvida pela instituição tem um grande potencial para aumentar a produção física da cana e seus derivados (açúcar, etanol e bagaço que gera energia). As plantas transgênicas foram selecionadas em laboratório e nos próximos três meses passarão por uma etapa de multiplicação in vitro para serem avaliadas em casas de vegetação. Essas estruturas são estufas usadas na produção de plantas para fins comerciais ou de pesquisa.

A expectativa do pesquisador é que, até maio do ano que vem, todas as características de tolerância à seca na estufa estarão avaliadas e, após este processo, as plantas aprovadas pelo Comitê Técnico Nacional de Biossegurança (CNTBio) poderão ter seu desempenho testado no campo.

As pesquisas com transgenia em cana-de-açúcar da Embrapa estão sendo desenvolvidas desde 2008. O trabalho conta com o apoio de laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília/DF), que possuem características exigidas pelas normas da CTNBio para estudos com organismos geneticamente modificados. A pesquisa também tem o apoio da Japan Internacional Research Center for Agricultural Sciences (Jircas), empresa de pesquisa vinculada ao governo japonês.

O objetivo é desenvolver cultivares comerciais com maior tolerância à seca, o que poderá potencializar o setor sucroalcooleiro nas áreas tradicionais e de expansão da cultura. De forma geral, as áreas de expansão têm como características solos com baixa fertilidade, altas temperaturas e baixa precipitação pluviométrica.

Falta de cana

Nesta quinta-feira (26/5), o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank voltou a reafirmar que o setor sucroenergético precisa, com urgência, expandir a área plantada com cana na região Centro-Sul. O executivo participou do Seminário Perspectivas para o Agribusiness 2011/2012 promovido pela BM&F Bovespa, em São Paulo. “É uma prioridade para o setor buscar investimentos para expandir a área agrícola, caso contrário vamos enfrentar entressafras cada vez mais problemáticas”, afirmou. Jank ainda reforçou que o setor não está conseguindo acompanhar o crescimento da indústria automobilística brasileira, que produz os carros flex.

O ministro da agricultura Wagner Rossi, que também participou do evento, acredita que a situação possa começar a se reverter a partir deste ano. “O governo vai se empenhar para resolver este problema. Nós somos referência na produção de energia limpa e não podemos retroceder neste sentido. É uma questão urgente”, disse o ministro. Na quinta, Rossi anunciou que o Plano Safra 2011 terá R$ 107 bilhões, 7% a mais que a verba do ano passado, e a expansão da área plantada com cana será prioridade nos próximos dois anos.

Fonte: Globo Rural