Sindicato Rural de Bela Vista MS

Tempo de abate de bovinos cai para menos de dois anos

Animais Nelore no ponto de confinamento dos 18 a 20 meses e em condições de abate com menos de dois anos quando o usual é trinta e seis meses (três anos). A antecipação da idade de abate permite maximizar o uso dos recursos naturais (solo, água e planta), melhorar a qualidade do produto e aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade para o produtor, além de se conseguir maior produção. É o que a pesquisa está conseguindo no Polo Alta Mogiana – Apta Regional, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA).

A redução no período de confinamento traz como vantagens o menor impacto ambiental, a melhoria na eficiência durante a recria/terminação e a maior oferta de carne por hectare por ano, explica o pesquisador Gustavo Rezende Siqueira, coordenador do Projeto Sustentável de Bovinos. Trata-se de projeto temático, com vários subprojetos, desenvolvido há cinco anos em parceria com instituições públicas de pesquisa (Polo Noroeste Paulista/Apta Regional, Instituto de Zootecnia, Universidade Estadual Paulista – Unesp Jaboticabal e Botucatu) e empresas como Bellman, Phibro, Alltech, Frigorífico Minerva e Nutron.

A equipe de pesquisadores do Polo Alta Mogiana, cuja sede fica em Colina, entende que o estado de São Paulo vai atuar nas fases de recria e terminação, nas quais é possível competir com outras culturas, principalmente a cana-de-açúcar. Daí a importância de avaliar todas as estratégias possíveis para buscar ganhos de eficiência da produção de carne nestas duas fases, diz Gustavo. Em outras palavras, “pecuária perde espaço por causa da falta de eficiência, porque tem baixo uso de tecnologia na sua produção”.

Basicamente, o que se busca é realizar durante um ano (a partir da desmama) o período de recria, que é a principal fonte de renda do produtor, conta Gustavo. “Nesta fase, ele consegue obter mais lucratividade na arroba produzida.” Por isso, a ideia é ajustar o manejo, com foco em bem estar animal e na nutrição, de forma que esses animais possam expressar o seu potencial de ganho de peso de forma econômica e ecologicamente viável.

QUEBRA DE PARADIGMA

A partir da avaliação da recria e terminação de forma conjunta, o projeto gerou outro resultado que representa “quebra de paradigma”, segundo Gustavo. Ao alimentar um animal na época da seca com as tecnologias de suplementação a pasto, conseguiu-se, ao final da primeira seca após a desmama, um diferencial de duas a três arrobas por animal. Se o produtor mantiver um bom padrão de alimentação nas águas (que significa ganho de peso acima de 800 gramas), essa diferença persiste até a entrada do confinamento.

Dessa forma, explica Gustavo, comprovou-se uma hipótese, levantada no início da pesquisa, que contraria uma ideia comum; ou seja, de que, quando o animal no período de seca não ganha peso de forma adequada, ele alcança o peso daqueles animais que tiveram o melhor desempenho na seca anterior, devido ao ganho compensatório durante o período das águas subseqüente. “De forma geral, observa-se que a implementação de tecnologias durante recria e terminação é viável econômica e ecologicamente, porém sempre tem de ser adotada com um padrão crescente – e nunca decrescente. Ou seja, ao iniciar um plano de produção de bovinos, sempre se deve pensar em melhorar a alimentação do animal, e nunca piorar.”

A equipe do projeto reúne ainda os pesquisadores Flavio Dutra de Resende, Marcelo Henrique de Faria, Anita Schmidek, Regina Kitagawa Grizotto e Fernando Bergantini Miguel, além dos parceiros de outras instituições.

Fonte: Agrosoft