Com 80% do mercado interno de hortifrútis importado de 15 estados, Campo Grande aposta na implantação de pelo menos um agropolo neste ano para diminuir a alta dependência de produtos vindos de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.
A ideia surgiu em 2008, quando o prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), visitou o projeto. Caso implantado, a meta é aumentar de 20% para 50% a produção dentro de dez anos.
Na prática, o agropolo consiste num conglomerado de produtores que trabalharão terão incentivos fiscais e de impostos, a serem concedidos pela prefeitura de Campo Grande, a exemplo dos incentivos no setor industrial.
“Temos que implantar um Prodes Rural (Programa de Desenvolvimento Econômico e Social de Campo Grande)”, sugeriu Edil Albuquerque, secretário municipal da Sedesc (Desenvolvimento Econômico, Ciência Tecnologia e Agronegócio).
Iniciado no ano passado, um diagnóstico, elaborado pela secretaria, está finalizado e foi encaminhado ao Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), segundo o secretário-adjunto da pasta, Natal Baglioni. O estudo mapeia os fatores e necessidades determinantes para a implantação do agropolo na Capital.
“Temos um documento consistente, feito após mais de 70 reuniões para solicitar o recurso (junto ao ministério)”, comenta Natal, acrescentando que o projeto deve consumir R$ 29 milhões. “Neste ano vamos buscar, por meio da atuação política, a liberação desta verba”.
“Se 80% dos nossos produtos são importados significa que temos um mercado consistente. Há 40 anos, desde que o Ceasa/MS (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul) foi inaugurado, não conseguimos passar dos 20% de participação”, complementou.
Tecnologia e o pequeno produtor – Um dos principais focos no projeto do agropolo será os pequenos produtores, que trabalham com a agricultura familiar, principalmente, originários de projetos de assentamento rural.
Em Campo Grande, atualmente, eles encabeçam a produção de alimentos orgânicos e comercializa diretamente nas pequenas feiras.
Para alavancar a produção, a ideia central, explica Natal, é investir em tecnologia. Ele utiliza como exemplo o emprego de uma tenda na cultura de tomates. Sem o mecanismo, a produção atinge 80 toneladas contra 160 com a cobertura, ilustra.
“Com utilização de tecnologia podemos gerar qualidade, competitividade e constância na oferta dos produtos. Precisamos que nosso produtor tenha capacidade competitiva”, prega.
Outra aposta de investimento tecnológico no projeto é a implantação de um distrito de irrigação. Desta forma, a expectativa é criar condições para produzir pelo menos 13 produtos, hoje importados de outros estados, como abacaxi, abóbora cabotiã, alho, banana, batata, berinjela, berraba, cebola, cenoura e goiaba.
Infraestrutura – A partir da liberação da verba, um dos primeiros passos para a implantação do agropolo é a aquisição de uma área, de 30 a 50 hectares, pela prefeitura, zona rural.
O local deverá ter solo adequado e curso de água longe de qualquer risco de poluição e que não tenha chance de ser poluído nos próximos dez anos.
A partir de então, a prefeitura dota a área de infraestrutura básica como barragem, bombas adutoras, que levem a água para as partes altas do terrenos, além de distribuí-la para todos os lotes.
“Esta infraestrtura básica já existe”, afirmou o secretário-adjunto, sem revelar as possíveis localidades em que o agropolo pode ser instalado.
Baglioni explica que o local vai concentrar a produção de toda espécie de cultura e que os produtores terão seus lotes, a princípio, na forma de comodato.
Boa ideia – Para o diretor técnico financeiro da Ceasa-MS, Francisco Pacca, um dos principais diferenciais do projeto está no apoio para comercialização dos produtos.
“Hoje importamos fortemente a folhagem, como alface e rúcula, por conta da falta de tecnologia”, disse.
Devido a necessidade do investimento e criação de mecanismos tecnológicos, ele acredita que, caso o pólo seja criado, a prestação institucional de assistência técnica será fundamental.
Segundo Pacca, a criação do agropolo pode aumentar de 15% para 20% a capacidade de produção do Ceasa no Estado, cuja comercialização, em 2008, bateu 122 toneladas.
Autor: Campo Grande News