Saca tem sido comercializada a um preço médio de R$ 74,09 e a tendência é de valorização da commodity
Elias Luz – Correio do Estado
A produtividade do milho em Mato Grosso do Sul vive um momento em que rende ‘ação de graças dos produtores rurais’ pelos resultados alcançados.
A quantidade de sacas por hectare saltou de 78 para 96 nesta última safra, que resultou numa produção de 11,4 milhões de toneladas, com uma área plantada de quase dois milhões hectares.
No quesito comercialização, 52% da safra já foi vendida a um preço médio de R$ 74,09.
Renata Farias, economista da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul, destaca que os preços elevados corroboram para um mercado aquecido após uma quebra de safra, porém, o custo de produção também foi elevado para última safra, devido aumento do preço dos insumos.
Na avaliação de Renata Farias, ainda é cedo para falar se a safra foi realmente promissora. “No entanto, a produtividade final estimada em 96 sacas por hectare já indica um término promissor”, disse Renata Farias.
Em nível de Estado, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, tem dito – no decorrer deste ano – que a produção milho vai atender às expectativas, principalmente depois de um momento de estiagem prolongada.
Verruck apresentou, inclusive, detalhes do destino do milho de Mato Grosso do Sul: o consumo interno das pessoas, o abastecimento da agroindústria de outros Estados e do setor pecuarista do próprio Estado – tanto no rebanho bovino, quanto na criação de frangos.
Pelo mundo, o relatório Radar Agro do Banco Itaú aponta que os preços estão firmes, mas há preocupações com a disponibilidade de grãos no Mar Negro e com as perdas na União Europeia.
Nos Estados Unidos, a cotação do milho em Chicago, no contrato com vencimento em setembro deste ano e que ajuda a referenciar a 2ª safra brasileira, fechou – já no dia 7 deste mês – com valorização de 2% frente ao início de setembro, com a cotação de US$ 6,83, a saca.
De acordo com o relatório, o mercado foi – principalmente – influenciado pela intensificação das tensões entre Rússia e Ucrânia com os vazamentos em dois gasodutos localizados no Mar Báltico e com a ameaça de uso de armas nucleares, ou seja, dois fatores que podem colocar em risco o corredor de exportação de grãos ucraniano.
Além disso, outros fatores altistas foram a redução das estimativas de produção da União Europeia em função da seca e a preocupação com os efeitos do La Niña na safra sul-americana.
Por aqui no Brasil, segundo aponta o Radar Agro do Banco Itaú, os preços no mercado spot – ou mercado a vista – também ganharam força.
O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), pertencente à Universidade de São Paulo (USP), apresentou aumento de 2% e foi negociado a R$ 67, a saca.
Já na Bolsa de Valores – a B3 -, o contrato com vencimento em novembro deste ano apresentou desvalorização de 2%, cotado a R$ 87, a saca.
“O nosso cenário ainda aponta para preços firmes do milho em Chicago diante do balanço apertado do cereal nos Estados Unidos e no mundo na safra 2022/2023”, destaca a nota técnica do relatório.
A nota técnica traz, ainda, outra observação: as condições climáticas norte-americanas têm diminuído as estimativas para a produção de milho na safra 2022/2023, prevista em 353 milhões de toneladas.
Essas perspectivas trazem um volume 7,5% inferior ao da safra 2021/2022. Por conta disso, a tendência é de que os estoques finais também deverão continuar apertados mesmo com reduções significativas do consumo interno e das exportações.
Na União Europeia, o cenário do futuro próximo também enfrenta um momento de grande adversidade climática com a seca impactando a produção do cereal.
Agora, com a safra estimada atualmente em 56 milhões de toneladas, a previsão é de uma queda de 21% frente à safra anterior.
A maior preocupação, de acordo com as informações do relatório Radar Agro do Banco Itaú, é de que não se pode descartar a hipótese da desaceleração da atividade econômica global – com especial destaque para a China – podendo ter seus efeitos sentidos também em uma revisão para baixo do crescimento projetado na relação entre consumo e importação de muitos outros países.
No Brasil, o cenário de confortável disponibilidade do grão diante da boa produção da 2ª safra deve levar as cotações locais para os níveis de paridade de exportação, o que sugere espaço limitado para quedas, principalmente diante das expectativas de preços sustentados na Bolsa de Chicago, junto com o câmbio desvalorizado.
Entretanto, no curto prazo, como ainda há 37% – em nível Brasil – do milho safrinha para ser comercializado, os preços do cereal poderão se descolar das cotações internacionais em um movimento para liberar os armazéns – no futuro bem próximo – para a chegada da soja.