Sindicato Rural de Bela Vista MS

Com usinas de biometano, MS entra na nova fronteira de energias renováveis rumo ao Estado Carbono Neutro

Mato Grosso do Sul entra na nova fronteira das energias renováveis e transição energética com a ampliação de investimentos em usinas de biometano. Além de produção da energia limpa a partir de dejetos de animais como suínos e bovinos, o biometano obtido por meio da vinhaça que é subproduto da cana-de-açúcar ganha mais um capítulo. Ontem a Atvos anunciou investimento de R$ 350 milhões em uma usina de biometano em Nova Alvorada do Sul. A unidade que deve iniciar a construção ainda neste ano ano, utilizará como insumos a vinhaça e a torta de filtro, resíduos resultantes da cadeia produtiva da cana, ocupará uma área de 150 mil metros quadrados e terá capacidade instalada de 28 milhões de metros cúbicos de biometano.

Esta será a segunda unidade do setor sucroenergético a investir neste tipo de energia no Estado. A primeira usina foi lançada pela Adecoagro em Ivinhema que já está duplicando sua capacidade de produção.

“O Estado fez a regulamentação do biometano, somos um dos primeiros a fazer isso. A MSGás fez um edital para a comprar o produto. Temos a produção de biometano na suinocultura, na Adecoagro e agora vamos reduzir a alíquota do ICMS para o biometano. Tudo isso caminha para estimular este mercado, é uma grande fronteira, uma transição energética”, salientou o secretário de Estado de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

Além do setor sucroenergético, a produção de biometano já é amplamente feita na suinocultura. Um dos projetos de destaque é o da SF Agropecuária em Brasilândia, que produz mais de 180 mil suínos por ano e realiza o ciclo completo de produção. A propriedade é uma das pioneiras na utilização de dejetos de suínos no abastecimento de energia por meio de geração distribuída, e conta com diversas atividades e um portfólio diversificado.

Outro case de sucesso é da Adecoagro que usa o Biometano para abastecer a frota desde o ano passado. Com a ampliação da planta de Ivinhema, a empresa aumentará sua capacidade e poderá produzir até 1.100.000 Nm3/mês de biometano, o equivalente a 1.000.000 litros de diesel. Com o uso crescente da vinhaça, até sua totalidade, a ser transformada no combustível gasoso renovável, a estimativa é substituir até 50 milhões de litros de diesel, o que permitirá a substituição do consumo de diesel equivalente nas operações agroindustriais e no transporte de produto acabado, açúcar e etanol. Além de ampliar a sustentabilidade de todo o processo, a operação aumentará a nota da companhia no Renovabio (principal métrica de avaliação da sustentabilidade), já que o uso intensivo de diesel representa o item de major impacto na avaliação, o que permitirá uma receita adicional na emissão de Cbios.

Metas do Governo

De acordo com o titular da Semadesc, iniciativas como estas se adequam perfeitamente a meta do Governo de ser sustentável e Verde. “O incremento na busca por energias renováveis, o biometano produzido por estas usinas são uma alternativa viável ao diesel e outros combustíveis fósseis. Além disso, a produção de biometano a partir de resíduos de suínos e de cana-de-açúcar ajuda a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, tornando a solução ecologicamente correta”, enfatizou lembrando que estas inovações são incentivadas pelo Governo do Estado por meio dos programas de incentivos fiscais como o Leitão Vida e o MS Renovável.

Sobre o novo empreendimento da Atvos, anunciado ontem na Expocanas, Verruck destaca a inovação do setor sucroenergético. “Vemos mais um grande investimento no setor sucroenergético com a Atvos, mas acima de tudo temos um avanço na transição energética que o Estado tanto almeja. Entramos agora numa nova etapa na produção de energias renováveis”, finalizou.

De acordo com projeções da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), a produção de biometano deve saltar 600% até 2029, saindo do atual 1 milhão de m³ por dia para 7 milhões de m³/dia. Ainda segundo a entidade, atualmente existem 20 plantas no país, sendo que apenas seis comercializam o gás e a expectativa de é que o total de unidades produtoras voltadas à comercialização chegue a 90 nos próximos cinco anos, sendo 42% via setor sucroenergético.

Rosana Siqueira, da Semadesc

Fotos – Mairinco de Pauda

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