O produtor rural Leandro Mello Acioly, popularmente conhecido como Dindo, está à frente do Sindicato Rural de Bela Vista há oito anos. Seu mandato foi estendido por conta da pandemia do novo coronavírus, mas agora, no final de agosto, passa a presidência da entidade para José Carlos Barbero, o Zeca, que encabeça a chapa única.
A gestão de Dindo é marcada por reivindicações e conquistas para os produtores rurais. Por isso, o bela-vistense de personalidade marcante e ao mesmo tempo simples entrega o comando da entidade com a certeza de missão cumprida.
Como você avalia esse período de oito anos que esteve à frente do Sindicato Rural de Bela Vista?
Avalio como positivo, mas desafiador. Eu sempre participei da diretoria do sindicato, mas estar na linha de frente é outra história. Quando você passa a ser presidente de uma entidade representativa, tudo muda. O compromisso é muito maior com as pessoas e com os interesses daquilo que você representa. Acredito que foi uma oportunidade que me trouxe experiência de vida, construí bons relacionamentos, tenho uma visão totalmente diferente sobre liderança do que quando assumi o sindicato.
É um jogo estar à frente, liderando. Uma hora a gente briga por algo; depois, é preciso sentar e negociar. Temos que entender que às vezes ganhamos e outras perdemos. É assim! Outra coisa, ninguém faz nada sozinho. Tem que ter parceria!
E agora, depois de oito anos, entrego o sindicato para o próximo presidente com a certeza de missão cumprida.
Quais foram as principais conquistas da sua gestão?
No meu primeiro mandato, conseguimos a suspensão da obrigatoriedade do brinco com chip eletrônico para bovinos; conseguimos com o poder público municipal manter sem reajuste o Valor da Terra Nua por hectare (VTN/ha); durante a operação Carne Franca deflagrada pela Polícia Federal em 2017, a qual afetou drasticamente o setor da pecuária, conseguimos, junto ao Banco do Brasil, a prorrogação dos prazos para o pagamento de custeios e investimentos feitos pelos produtores rurais de Bela Vista. Também retomamos os leilões de gado realizados pelo sindicato.
Fomos muito atuantes, e ainda somos, junto aos governos municipal e estadual, em várias reivindicações para a manutenção de estradas e construção de pontes, com o objetivo de melhorar as condições de transporte da produção local e somos atendidos em quase todas as solicitações. Uma das nossas principais rodovias rurais, a Apaporé, está em constante manutenção porque estamos atuando junto ao poder público, levando as solicitações dos produtores para que a estrada esteja em boas condições.
Em 2019, protestamos contra o aumento da alíquota de cobrança do Fundersul [Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de MS]. Ainda 2019, vimos parte da estrutura do Parque de Exposição Rio Apa destruída devido à forte chuva que atingiu a nossa cidade e nos organizamos para reconstruir os estragos nos mangueiros, nos pavilhões de gado e hortifrúti e no pavilhão de eventos do Clube do Laço de Bela Vista, que fica dentro do parque.
Várias vezes reivindicamos da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal do MS (Iagro) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) medidas para combater os crimes de abigeato na região de fronteira. Em 2021, graças ao movimento das entidades representativas e à classe produtora, o governador Reinaldo Azambuja criou a Delegacia Especializada de Combate a Crimes Rurais e Abigeato (Deleagro).
Sem falar que o Sindicato Rural de Bela Vista, em parceria com o Senar/MS, promove mensalmente cursos e capacitações no município, bem como atendimento médico e odontológico para a população rural em alguns períodos do ano.
O sindicato também exerce um papel social. Durante a pandemia, realizamos ações solidárias em prol da população carente. Estamos sempre colaborando com o município de alguma forma.
Sob meu comando, o Sindicato Rural de Bela Vista participou de várias manifestações em defesa do Brasil e contra a corrupção. Fomos à Brasília!
Foram anos de bastante atuação e penso que realizamos um bom trabalho até agora.
O que foi mais difícil neste período?
O fim da contribuição sindical obrigatória em 2018 foi um momento difícil, pois tivemos que nos reorganizar financeiramente. Buscar alternativas, mas sou favorável ao fim da contribuição.
E, sem dúvidas, a pandemia do coronavírus foi o período mais difícil para todo mundo. Ficamos sem poder realizar a Expobel [Exposição Agropecuária de Bela Vista] durante dois anos e isso foi muito ruim para a manutenção do sindicato.
As atividades do agronegócio não pararam nenhum dia, porque se a gente parasse o mundo parava de comer. Sem falar que perdemos amigos, familiares e pessoas próximas.
O que a Expobel representa para Bela Vista?
É o evento mais importante da nossa região. Primeiro porque movimenta a economia do nosso município; segundo, porque, por meio da Expobel, Bela Vista ganha visibilidade nos cenários estadual e nacional. Somos um município altamente produtor e temos uma característica diferenciada, estamos localizados na fronteira. Os produtores da faixa de fronteira sempre enfrentaram mais dificuldades e mais restrições legais.
Realizar a Expobel todos os anos foi também um grande desafio. Não é mais possível realizar a feira sem a parceria do poder público. Nas edições de 2022 e 2023, a participação da prefeitura foi fundamental. Este ano, tivemos a revitalização do Parque de Exposição Rio Apa, com emenda parlamentar do deputado Beto Pereira e mais contrapartida da prefeitura. O prefeito Piti [Reinaldo Miranda Benites], que também é produtor rural, tem sido um grande parceiro do sindicato rural.
Acredita que sua experiência como presidente do Sindicato Rural deixou você preparado para desempenhar algum cargo político? Pensa em se candidatar a algum cargo?
Sem dúvidas que essa experiência de estar à frente de uma entidade te dá uma bagagem para outras atividades. Mas ainda é muito cedo para pensar em algum projeto político, tenho minha vida pessoal também.
A única coisa que posso afirmar é que sou bela-vistense e não abro mão de ver minha cidade cada vez melhor. E se for preciso ajudar Bela Vista a continuar se desenvolvendo, eu farei isso de alguma maneira. Não podemos retroceder.
Como gostaria de finalizar?
Agradecendo a todos que estiveram comigo durante este tempo. Desde os colaboradores do sindicato aos amigos de diretoria. Meu agradecimento também a minha família, minha esposa, meus pais e filhas.
Agradeço também aos produtores rurais que confiaram no meu trabalho por tanto tempo.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Sindicato Rural de Bela Vista
Publicado em: 8 de agosto de 2023