Com 61 anos, Zeca é empresário, casado com a médica Magda Silvana M.Telles, pai de dois filhos e trabalhou muitos anos no mercado financeiro paulista. Há 15 anos viu novas oportunidades de negócios e investiu em terras em Bela Vista, Mato Grosso do Sul. Na pátria do laranjal, fez amigos e passou a participar das ações do Sindicato Rural de Bela Vista, fazendo parte da diretoria há oito anos.
No mês de julho, durante a 51ª Expobel, recebeu o título de cidadão bela-vistense da Câmara de Vereadores. Zeca é o candidato à presidência do sindicato rural, com chapa única e eleição marcada para o final de agosto. À frente da entidade, pretende fazer uma gestão integrada com os produtores e com os demais segmentos da sociedade.
Você é paulista e atuava no mercado financeiro?
Sim. Sou paulista e paulistano, com formação em Administração e pós-graduação em Administração Financeira, comecei a trabalhar na área financeira muito cedo, aos 15 anos. Trabalhei em bancos, bolsa de valores e corretoras de valores.
Depois de um tempo trabalhando na bolsa de valores, recebi uma proposta do meu sogro, que era dono de um atacadista, e fiquei durante 10 anos nesse segmento, na administração comercial. E, por meio do ramo atacadista, tive a oportunidade de montar uma distribuidora com meu cunhado.
O atacadista é um generalista, trabalha com uma série de marcas. O distribuidor trabalha com contratos exclusivos para determinadas marcas, não tem produtos conflitantes. Montamos a distribuidora há mais de 20 anos.
Do mercado financeiro para ser produtor rural em Bela Vista, como foi isso? Já tinha algum contato com o agronegócio?
Não tinha. Mas meus avós eram imigrantes espanhóis e se instalaram no interior do estado de São Paulo para trabalhar na roça, em São José do Rio Pardo, região Norte do estado, divisa com Minas Gerais. No entanto, pelas dificuldades de viver no campo naquela época, eles foram com nove filhos para a capital paulista, incluindo meu pai. Ficaram em São José do Rio Pardo os filhos mais velhos, meus tios.
Então, meu único contato com o campo, era durante minhas férias escolares, quando eu visitava meus tios. Eu adorava a vida no campo!
E, há mais ou menos 15 anos, surgiu a oportunidade de comprar terras aqui em Bela Vista. A princípio era uma sociedade e depois acabamos adquirindo toda a área.
Ficamos bastante tempo somente com a pecuária e, recentemente, integramos a agricultura. Meu filho fez Agronomia e assumiu essa parte da lavoura.
Você é um dos realizadores do Leilão Bela Vista Horse, que acontece durante a Expobel. Por que decidiu criar cavalos, é um negócio?
O cavalo foi algo interessante. Sempre fui atleta, joguei futebol e sempre competi a vida inteira. Depois, quando fui pai, acreditava na educação dos meus filhos por meio do esporte. Meu filho Caio fez basquete e a Taís fez vôlei, e os dois foram campeões paulistas.
Quando cheguei aqui, pude ver a importância do laço comprido e como o esporte agrega pessoas e une as famílias da região. E, com isso, formamos a primeira equipe de laço comprido na fazenda e comecei a me inteirar sobre cavalos. Percebi a necessidade de melhorar os cavalos e passei a criar os animais POs [Pura Origem]. Tudo foi caminhando e atualmente sou um dos vice-presidentes da Associação Brasileira de Quarto de Milha (ABQM).
Na verdade, cavalo não é um negócio muito lucrativo. É um investimento de longo prazo, com retorno de 5 a 7 anos. Mesmo assim, é algo que se você fizer de forma equilibrada, acaba sendo interessante.
Mas, no meu caso, o cavalo é mais uma paixão do que um negócio. É um hobby!
Está morando em Bela Vista?
Uma parte do tempo em São Paulo e outra em Bela Vista. Já deleguei boa parte das minhas responsabilidades em São Paulo, mas ainda me divido entre os dois lugares. Estou organizando minha vida profissional para ficar com mais tempo livre em Bela Vista e assumir novos desafios, como a presidência do sindicato.
Como passou a integrar a diretoria do Sindicato Rural de Bela Vista?
Há oito anos, recebi dois convites para participar das chapas que concorriam à eleição do sindicato rural. Acabei aceitando o primeiro convite, que foi o da chapa eleita, liderada pelo Dindo [Leandro Mello Acioly], que é nosso atual presidente.
Não havia preferência, a outra chapa era do Afonsinho [Afonso Pinheiro, ex-presidente do Sindicato Rural de Bela Vista]. Os dois são meus amigos e aceitei o primeiro convite por uma questão de ordem.
Como avalia sua experiência participando das diretorias da ABQM e do Sindicato Rural de Bela Vista?
Gostaria de dizer que é uma experiência que transforma e agrega. Participar da diretoria da Associação Brasileira de Quarto de Milha (ABQM) me mostrou isso e adquiri uma bagagem diferente. Esse contato com o associativismo me deu a oportunidade de conhecer pessoas e aprendi bastante. Também aprendi bastante participando da diretoria do Sindicato Rural de Bela Vista, com o Dindo e demais diretores. Para mim, são experiências fundamentais.
Quais são seus projetos para o Sindicato Rural de Bela Vista?
Bom, a princípio, quero trazer minha experiência corporativa, de gestor para o sindicato. São realidades diferentes, mas penso que uma pode somar-se à outra. Além disso, tenho como foco a integração, pois vejo que os produtores muitas vezes se dispersam por vários motivos, entre eles, a questão política. É preciso unir a classe e engajar mais os produtores às ações do sindicato rural. Vamos otimizar nossa comunicação, levar mais informações sobre o que estamos realizando. Muitas pessoas não sabem o que é feito. O Dindo, por exemplo, fez muito pelos produtores e pelo sindicato. Ele foi muito atuante!
Penso que devemos ouvir a classe produtora e aproximá-la do sindicato, que é a entidade que nos representa tão bem e é fundamental para o fortalecimento do agronegócio.
Também tenho como projeto atrair os jovens para participar mais das nossas atividades e da vida no campo. Vejo uma dificuldade de fixar os jovens no campo, pois a vida urbana é muito mais atrativa para eles. É preciso preparar os jovens, especialmente porque vivemos um momento crítico no país.
Enquanto entidade sindical patronal, também podemos participar mais da vida do município e ter uma interação maior com a sociedade.
Você tem alguma pretensão política para o futuro?
Não tenho nenhum interesse político e não tenho habilidade para isso. Penso que posso colaborar com o município de outras formas, uma delas é o associativismo e a atuação no próprio sindicato. Meu objetivo é realizar uma gestão apartidária, com portas abertas para ouvir todos os segmentos.
Você chegou a Bela Vista há pouco mais de 15 anos. O que mudou neste período, na sua opinião?
Bela Vista teve administrações públicas complicadas e que deixaram a desejar. Penso que o Piti [Reinaldo Miranda Benites] está fazendo um excelente trabalho, equilibrou a parte financeira, expandiu a agricultura e isso vem transformando a cidade. Vejo de forma positiva a atual gestão.
Acima de tudo, quero destacar que o melhor de Bela Vista são as pessoas. Tem muita gente boa aqui e isso é muito importante.
Publicado em: 11 de agosto de 2023
Escrito por Assessoria de Comunicação do Sindicato Rural de Bela Vista