As principais doenças na cultura da soja são causadas por diferentes agentes biológicos — fungos, bactérias, vírus, nematoides —, que podem resultar em grandes perdas para o produtor. Mesmo com todo o desenvolvimento científico e tecnológico voltado para essa cultura, o produtor deve agir ao primeiro sinal do problema e realizar o controle mais indicado em cada caso.
Para se manter como protagonista na produção de soja, o Brasil precisa, cada vez mais, utilizar alta tecnologia e seguir as tendências da agricultura mundial. Isso vale para todas as etapas da cultura, do plantio à colheita, passando pela sanidade da lavoura.
Para ajudar você a enfrentar esses problemas, apresentamos a seguir as principais doenças da soja e como podem ser evitadas ou tratadas. Boa leitura!
Quais são as principais doenças da cultura da soja?
Como em qualquer atividade, a prevenção ainda é a mais importante recomendação para enfrentar as principais doenças na cultura da soja, que podem tirar a competitividade do agricultor. Assim, o principal desafio é fazer a correta identificação e realizar o controle no momento certo e de maneira adequada. Confira, a seguir, as principais enfermidades.
Ferrugem asiática
Principal doença da soja, a ferrugem asiática é causada pelo fungo Phakopsora pachyrizi. A sua disseminação é favorecida pelo vento, por temperaturas entre 18º C e 28º C e por chuvas prolongadas.
Rápido amarelecimento, queda prematura das folhas e redução do tamanho dos grãos são alguns dos sintomas dessa doença. Em casos severos, ela pode atacar na fase de formação das vagens ou no início da granação, comprometendo a qualidade dos grãos.
O vazio sanitário (período em que não se pode plantar) ajuda no controle do fungo da ferrugem asiática da soja, assim como o uso de cultivares mais precoces, conforme a época de semeadura indicada para cada região.
Antracnose
É causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, que se desenvolve em solos pobres em adubação, em especial com deficiência em potássio. Sobrevive em restos de culturas e sementes e ataca as lavouras de soja na fase inicial de formação das vagens. Essa doença é mais frequente na região dos cerrados, por causa da elevada precipitação e das altas temperaturas.
Sua presença pode ser observada pela morte de plântulas — fase inicial do desenvolvimento do embrião — e manchas negras nas nervuras das folhas, hastes e vagens. Caso haja atraso na colheita, a doença pode causar queda total das vagens — que ficam retorcidas e com um tom de castanho-escuro a negro —, além de comprometer as sementes.
Entre as formas de prevenção e controle, estão a rotação de culturas, o uso de sementes certificadas e sadias, o maior espaçamento entre fileiras, o estande adequado — arranjo espacial das plantas para o bom arejamento —, o manejo correto do solo e a adubação rica em potássio.
Crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura
O fungo Cercospora kikuchii é o responsável pelo crestamento foliar de cercospora e mancha púrpura. Ocorre em todos os polos produtores de soja do País, afetando de maneira mais severa as lavouras das regiões mais quentes e chuvosas. Pode ser introduzido por meio de sementes infectadas e de restos culturais, sendo favorecido por altas temperaturas e elevada umidade.
As folhas apresentam pontuações escuras, castanho-avermelhadas, que formam grandes manchas escuras, resultando em crestamento — ou seja, queimaduras superficiais — e também na queda prematura das folhas. Nas vagens, aparecem pontuações vermelhas que costumam evoluir para manchas de cor castanho-avermelhadas.
Quando se fala em medidas de controle, a melhor opção é o uso de sementes tratadas, além de aplicações de fungicidas na plantação.
Cancro da haste
O fungo Diaporthe phaseolorum, causador do cancro da haste, provém de sementes infectadas, restos de cultura e vento. Seu desenvolvimento ocorre de forma favorável em épocas de chuvas frequentes e alta umidade.
Entre os sintomas, na primeira fase da doença, aparecem pequenos pontos negros, que se transformam em manchas alongadas de colorido castanho-avermelhado. Um indicativo de infecção pode ser notado quando as folhas ficam amareladas e com necrose entre as nervuras — a chamada folha carijó. Em situações severas, ocorre a quebra das hastes e acamamento.
Como medidas de manejo, o agricultor deve usar variedades resistentes, fazer rotação da cultura, tratar as sementes com fungicidas sistêmicos e usar adubação equilibrada.
Mofo-branco
Outra doença fúngica, o mofo-branco é disseminado pelo vento e por meio das sementes. O fungo Sclerotinia sclerotiorum se desenvolve em temperaturas amenas e quando há alta umidade relativa do ar.
Os primeiros sintomas dessa doença são manchas aquosas, que depois ficam com um tom castanho-claro. A seguir, ocorre a formação de micélio branco, que depois se transforma em uma massa negra e rígida — o escleródio, que é uma forma de resistência do fungo.
As medidas de manejo incluem a aquisição de semente livres do patógeno, a aplicação de mistura de fungicidas — de contato e sistêmico —, a rotação/sucessão de cultura, a eliminação de plantas hospedeiras do fungo e o maior espaçamento nas entrelinhas da lavoura, a fim de facilitar a ventilação.
Mancha-parda ou septoriose
Trata-se de uma doença foliar causada pelo fungo Septoria glycines. Ele sobrevive nos restos de culturas e em sementes no solo, podendo reduzir a produção de soja em mais de 30%.
Essa doença aparece em condições ambientais de umidade prolongada e temperatura entre 15ºC e 30ºC. Seus principais sintomas são pequenos pontos ou manchas em formatos angulares e de cor marrom-avermelhada nas folhas. Pode causar queda das folhas e maturação precoce dos grãos.
Uma das formas de reduzir a disseminação da enfermidade é a rotação de culturas integrada com a incorporação da palhada de plantas de cobertura. O uso de variedades resistentes ao fungo, sementes tratadas com fungicidas e adubação equilibrada — adubação potássica — completa as recomendações.
Mancha-alvo
Outra doença fúngica, a mancha-alvo tem como vetor o fungo Corynespora cassicola, que hiberna em sementes e restos culturais. Sua disseminação é feita por meio de sementes, que encontram condições ideais para o seu desenvolvimento em temperaturas amenas e solo úmido.
Entre os sintomas manifestados, o produtor pode verificar, na fase inicial, pontos de coloração parda nas folhas, com halo amarelado. Eles evoluem para manchas circulares, de até 2 cm de diâmetro, de tom castanho-claro a castanho-escuro. Além de queda das folhas — no caso de cultivares suscetíveis —, o fungo pode afetar as hastes e as raízes.
As formas de prevenção incluem o uso de variedades resistentes, o tratamento das sementes, a rotação ou a sucessão de culturas — em especial com milho e gramíneas. O controle químico com fungicida também é indicado.
Oídio
Essa doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa, que se espalha pela ação do vento e se desenvolve principalmente em condições de temperaturas entre 18ºC e 24ºC.
Um dos sintomas característicos do oídio é o aparecimento de massa de micélios e esporos, que formam uma fina camada esbranquiçada, semelhante ao algodão, na superfície das folhas, dos ramos e das vagens.
Entre as medidas preventivas estão o uso de variedades resistentes, a adubação equilibrada e o controle químico. Além disso, é recomendado evitar o plantio tardio.
Como identificar e tratar as doenças?
Cada doença tem características diferentes. Assim, o agricultor deve conhecer os sintomas específicos para identificá-las e escolher o manejo indicado para cada caso.
Os fungos são os principais causadores das doenças na cultura da soja. Para que você tenha uma ideia, entre as enfermidades que afetam essa cultura, eles são os agentes biológicos responsáveis por mais de 20 dessas moléstias. Nesse caso, a aplicação de fungicidas é a forma mais recomendada de controle e prevenção.
O agricultor deve também associar diversas técnicas, como realizar o manejo correto do solo, fazer a adubação adequada — conforme a análise do solo —, escolher o cultivar correto, analisar a época de semeadura, fazer o plano de tratamento, usar fungicidas multissítios — que controlam vários patógenos — etc.
Para um melhor resultado, é recomendado incluir os seguintes procedimentos:
- uso de variedades resistentes;
- controle biológico, químico ou integrado da doença;
- utilização de sementes sadias ou tratadas;
- controle genético;
- rotação de culturas.
Quais são os cuidados necessários?
De modo geral, o cuidado com as doenças que afetam a soja deve começar com o monitoramento das lavouras para a identificação do problema e o tratamento precoce. O acompanhamento das condições climáticas ainda ajuda a evitar doenças da lavoura ou a diminuir o seu efeito.
Outra forma de minimizar os efeitos das doenças na cultura da soja é utilizar o Zoneamento Agrícola de Risco climático (Zarc). Assim, você fica sabendo sobre os fenômenos climáticos adversos e pode verificar a melhor época de plantio, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
Como você pôde verificar, o controle das principais doenças na cultura da soja é uma etapa importante da atividade e deve fazer parte do planejamento da lavoura. Afinal, sanidade garante colheita farta e rentável para o agricultor.
Fonte: Blog Broto