Sementes estão agora armazenadas no Banco de Svalbard, na Noruega
Com informações da Embrapa
Sementes de pastagem do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), estão agora armazenadas no Banco de Svalbard, na Noruega, como cópias de segurança, mantidas a -18°C.
Esta é a primeira vez que a Embrapa depositou materiais de forrageiras no Banco Mundial de Sementes.
Além do centro de pesquisa localizado no estado de São Paulo, a Embrapa Cerrados, de Planaltina (DF), também encaminhou amostras desses materiais. O Banco oferece armazenamento seguro, gratuito e em longo prazo de amostras de sementes, funcionando como um cofre.
De acordo o pesquisador Marcelo Cavallari, da Embrapa Pecuária Sudeste, foram escolhidos 53 acessos de 15 espécies de gramíneas do gênero Paspalum para amostrar parte da diversidade genética da coleção do Banco de Germoplasma local.
“Os acessos selecionados possuem várias aptidões – pastagem, gramados – e diferentes portes e hábitos de crescimento. Destaco, por exemplo, o Paspalum atratum, o Paspalum regnellii e o Paspalum mallacophylum, os três com alta produção de matéria seca, tolerância ao encharcamento do solo e resistência às cigarrinhas. As cultivares Paspalum regnellii BRS-Guará, Paspalum lepton Chauá e Paspalum notatum Tiriba, registradas pela Embrapa, também estão entre os acessos enviados para Svalbard”, comentou.
O pesquisador explica que acessos são amostras coletadas em um determinado local e representam uma população específica, com características próprias. Os acessos são registrados com todas as informações de origem, inclusive o nome de quem os coletou.
O Paspalum é um gênero de gramíneas originário das Américas, com mais de 200 espécies nativas do Brasil. A Embrapa Pecuária Sudeste desenvolve pesquisas com foco nesse gênero.
O centro tem um programa de melhoramento genético visando a aumentar a diversidade de forrageiras disponíveis para a pecuária e, dessa forma, oferecer alternativas para situações em que as principais forrageiras do mercado não se adaptam ou, ainda, para o caso do aparecimento de doenças ou condições climáticas adversas no futuro.
“Pode ser que apareça uma nova praga e as principais forrageiras sejam suscetíveis. Então, ter diversidade de oferta de pastagens pode ser a ‘salvação da lavoura’, literalmente”, destaca.
Ainda, segundo ele, grande parte da pecuária brasileira utiliza o capim Marandu para alimentação do gado. Caso ocorra alguma doença que afete essa forrageira, milhões e milhões de hectares serão prejudicados.
A ideia do Banco de Svalbard é que ele está à prova de catástrofes, em local frio e isolado. Se houver uma guerra, um desastre climático ou uma praga nova, pode-se recorrer a ele para recuperar a cópia de segurança. “São recursos à disposição para uma situação futura da humanidade”, ressaltou Cavallari.
As sementes saíram do Brasil em junho e foram depositadas no Banco Mundial no mês de outubro.
Além disso, a ação está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especificamente a meta 2.5, que é “garantir a conservação da diversidade genética de espécies nativas e domesticadas de plantas, animais e microrganismos importantes para a alimentação e agricultura, adotando estratégias de conservação ex situ, in situ e on farm, incluindo bancos de germoplasma, casas ou bancos comunitários de sementes e núcleos de criação e outras formas de conservação adequadamente geridos em nível local, regional e internacional”.