Cerca de 160 produtores receberam orientações em Paranaíba/MS
Na Instrução Normativa (IN) 51 que passou a vigorar a partir de 2005, era prevista a queda do número de bactérias do leite de 1 milhão para 100 mil, em 2012. Luiz Marcelo Martins Araújo, fiscal federal agropecuário, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, atuante em Mato Grosso do Sul, analisou junto a situação de MS. Junto à sua equipe, verificou que seria uma mudança brusca no número de bactérias do leite, e se mantida, cerca de 78% dos produtores de MS estariam acima do número permitido de bactérias no leite.
A IN 62 sugerida pela equipe do Mapa de MS, espera que o número de bactérias no leite seja igual a 600 mil em 2012, deixando apenas 38% dos produtores do Estado como irregulares. “A 51 causaria uma desvalorização, não só em MS, como em todo o País. Em alguns estados, o número de produtores irregulares é ainda maior”, afirma o fiscal.
Com objetivo de objetivo de incentivar os produtores de todo o Estado a investirem na qualidade do seu produto, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/MS realiza o Programa Mais Leite. A coordenadora do Programa, Adriana Domingos, diz que “além de fornecer aos produtores maior retorno financeiro, o Estado pode ser reconhecido pela mão-de-obra qualificada e por seus dados econômicos da agropecuária local”.
O assunto foi discutido durante o ciclo de palestras do Mais Leite, realizado na quinta-feira (23), no Sindicato Rural de Paraíba. O representante do Mapa, Luiz Marcelo Martins Araújo, palestrante na ocasião, relata que o número de 100 mil bactérias no leite do produtor passará a ser exigido no ano de 2016, fazendo com que ele tenha mais tempo para se adequar, sem desvalorizar a produção: “Elaboramos uma tabela mais gradativa, para que em 2014 sejam permitidas 300 mil bactérias no leite, diminuindo aos poucos, a cada dois anos, sem grandes prejuízos”, finaliza Araújo.
Fatores – Três fatores auxiliam na queda bacteriana do leite: a umidade, o alimento e a temperatura. No Brasil, por ser um país tropical, produtores acabam com dificuldades de manter a baixa temperatura. Já na Argentina, o clima frio beneficia a cadeia leiteira, onde a média registrada de bactérias é de 50 mil e o valor do leite nos supermercados se equipara ao Brasil, e fica estimado em R$ 2,30.
Um experimento científico acompanhado Luiz Marcelo Martins Araújo, comprova que a temperatura é a grande vilã do leite in natura. A pesquisa recolheu amostras de leite logo após a ordenha, que contava 9 mil bactérias. Após refrigerado, a 4ºC por 24 horas, passou a apresentar 10 mil bactérias. Já a mesma amostra do leite, armazenada a 35ºC, apresentou em 24 horas, 800 milhões de bactérias.
“O leite sai da vaca com uma média de 10 mil bactérias, todo o resto acrescido é por conta do produtor. A IN 62 exige o resfriamento do leite em até duas horas após a ordenha, na temperatura de 4ºC. Assim, o leite poderá chegar à indústria em até 7ºC. O produtor ainda tem o auxílio das inibinas, enzimas que impedem a multiplicação bacteriana, que permitem que o leite que sai da vaca em torno de 37ºC, chegue à indústria no tempo de duas horas, com um número tolerável de bactérias,” detalha o palestrante do Programa Mais Leite.
Mais Leite – O Programa é uma iniciativa do Senar/MS em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de MS – Famasul e Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar). Conta também com a parceria dos sindicatos rurais, Banco do Brasil e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
Em Paranaíba, realizou-se recentemente o segundo ciclo de palestras, com 160 produtores presentes na ocasião. O Mais Leite ainda passará por Glória de Dourados – no dia 15 de março, e Anastácio – no dia 12 de abril, finalizando suas atividades de 2012 no Encontro Sul-Mato-Grossense da Qualidade do Leite, congresso que acontecerá na Capital, Campo Grande, nos dias 14 e 15 de maio, no auditório da Famasul.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas por meio do site: www.senarms.org.br e nos sindicatos rurais dos municípios participantes. O Programa Mais Leite Sobre o Senar – O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, é uma instituição mantida pela classe patronal rural, vinculada à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Tem o objetivo de desenvolver ações educativas, que visam o desenvolvimento do homem rural como cidadão e como trabalhador, numa perspectiva de crescimento e bem-estar social.
Fonte: Agrolink