Fios do metal são colados nas costas dos insetos com cola de prata e conectados a eletrodos
Um fio de ouro colocado nas costas de insetos sugadores é capaz de mostrar seu comportamento alimentar. Analisando as informações geradas, é possível definir estratégias de combate a esse tipo de praga e, com isso, evitar prejuízos a culturas agrícolas e florestais.
Pode até parecer filme de ficção, mas essa estratégia já é realidade nas pesquisas sobre pragas de grande importância econômica para o Brasil, que atacam culturas como hortaliças, citros, trigo, tomate, arroz e espécies florestais.
A técnica inovadora, conhecida como Monitoramento Eletrônico – EPG (Electrical Penetration Graph), foi desenvolvida pelo holandês Freddy Tjallingii, que hoje a difunde por todo o mundo. Segundo Susete do Rocio Chiarello Penteado, pesquisadora da Embrapa Florestas, de Curitiba (PR), o EPG pode ser utilizado tanto para avaliação da resistência de plantas a insetos como também para estudo da transmissão de viroses e resposta dos insetos a toxinas, como inseticidas. “Os resultados desse tipo de pesquisa podem trazer novas orientações ao manejo integrado de pragas (MIP)”, explica.
No Brasil, somente Embrapa, Esalq/USP e Epamig utilizam a técnica e, no mundo, somente duas a utilizam com pragas florestais, sendo a Embrapa Florestas uma delas.
Com o auxílio de uma lupa, fios de ouro são colocados com cola de prata nas costas dos insetos e depois conectados a eletrodos. Dentro de uma gaiola Faraday, que permite isolamento elétrico, os insetos são colocados em folhas ou ramos do seu hospedeiro, que podem ser diversas espécies de plantas.
O aparelho vai fazer a leitura dos sinais dos eletrodos. Esta leitura é transferida para um computador que transforma a informação em ondas, que são previamente determinadas para cada grupo de inseto sugador. “Por exemplo, há uma onda específica para quando o inseto está somente inserindo o estilete na planta,como se estivesse provando o alimento, outra quando atinge o floema, tecido encarregado de levar a seiva do caule até a raiz, indicando que ele está efetivamente sugando a seiva”, explica Susete. Também são registrados o tempo de duração de cada procedimento.
Essas informações ajudam a entender melhor a resposta do inseto a determinados fatores e mesmo mostrar, por exemplo, se ele ataca melhor uma espécie de planta ou outra. Segundo Susete, “isso pode subsidiar novas pesquisas para entender a diferença entre as espécies cultivadas e que ações podem ser tomadas para evitar a praga, como por exemplo, o melhoramento genético, clonagem ou mesmo alterações na forma de manejar os cultivos”.
Fonte: Revista Globo Rural