Deputado tenente-coronel Zucco afirma que CPI vai requerer do governo um posicionamento efetivo a respeito das ações do movimento sem-terra
A Câmara dos Deputados aprovou, no final de abril, a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que promoveu diversas invasões Brasil afora, incluindo fazendas produtivas da empresa de celulose Suzano.
Além disso, sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Embrapa também foram ocupadas pelo movimento.
Para dar início às investigações, ainda estão pendentes a definição das vagas em cada colegiado, de acordo com as bancadas, e os blocos partidários.
De acordo com o autor da CPI, o deputado tenente-coronel Zucco, serão 27 integrantes titulares e mais 27 suplentes na comissão. Como foi o autor da proposta, o parlamentar acredita que ele próprio ficará na presidência dos trabalhos, assim como a relatoria deva ficar a cargo do deputado Ricardo Salles.
“Invasão, não assentamento”
Zucco afirma que, assim como toda CPI, não é possível saber, de antemão, os desdobramentos. Contudo, para ele, o que precisa ficar claro é que não existem assentamentos do MST e, sim, invasões. “Quem faz assentamentos é apenas o Incra”.
O deputado enfatiza que os integrantes estão cometendo crimes. “É o chamado esbulho possessório. Vamos analisar as invasões de propriedades privadas. Vamos investigar, também, quem são os possíveis financiadores [das invasões], sejam pessoas físicas ou ONGs”.
Segundo o parlamentar, também é necessário averiguar as autoridades que incentivam as ações, bem como as ações do governo. “[Vamos investigar] como estão sendo as indicações de ocupação de cargo para o Incra”, ressalta.
Qual o papel do MST?
Zucco também destaca que a CPI precisa entender qual é a finalidade do MST e de outros movimentos de invasão de terras. “Tivemos um fato concreto: uma escalada de invasões de terra neste governo”, pontua.
Para o deputado, a Comissão também tem o papel de ajudar na pauta da reforma agrária e da segurança no campo. “Não será uma CPI apenas para buscar problemas, mas também para propor soluções”.
Imagem do governo no agro
O parlamentar também comentou sobre a presença de membros do atual governo na IV Feira Nacional da Reforma Agrária do MST, ocorrida entre os dias 11 e 14 de maio, em São Paulo. Na ocasião, estiveram ministros e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
“Estamos em um momento em que as invasões estão ocorrendo, onde as declarações de algumas lideranças são debochadas, desrespeitosas, xingando o agro, falando de forma ofensiva justamente sobre uma área que é responsável por grande parcela do PIB, que traz a segurança alimentar não só para o Brasil, mas para o mundo”.
Segundo Zucco, é curioso dizerem que o Brasil é o celeiro do mundo, sendo que os produtores estão sendo agredidos neste momento.
“Teremos momento na CPI para dialogar com o governo e perguntar qual é o seu posicionamento efetivo em relação ao MST. Assim, quem sabe, nas próximas viagens internacionais, [o governo] possa levar grandes produtores para exportar cada vez mais alimentos, e não líderes do MST”, conclui Zucco.