Veja o discurso do presidente do Sindicato Rural de Bela Vista, Marcelo Loureiro de Almeida, na íntegra:
Senhoras, senhores e autoridades presentes, bom dia!
É com muita satisfação que recebemos a todos para a abertura de mais uma Exposição Agropecuária de Bela Vista – a Expobel. Este ano, completamos 44 anos de história e nos empenhamos para manter o conceito de melhor festa da fronteira. Procuramos inovar a cada edição, sem perder as nossas tradições e a credibilidade junto aos nossos colaboradores e ao público que nos prestigia.
Desde que assumi a presidência do Sindicato Rural de Bela Vista há seis anos, tenho me preocupado em fazer da abertura da Expobel um momento de reflexão e de reivindicações para o setor rural e para todos os demais segmentos que mantêm nossas famílias e o nosso município em atividade econômica. Este ano, meu último à frente da entidade, mantenho a pauta de reivindicações e falo um pouco de minha experiência como presidente de uma entidade representativa.
Neste período, eu e meus amigos de diretoria enfrentamos diversas dificuldades e compartilhamos de muitas alegrias.
Assumimos a presidência do sindicato no mesmo período em que Bela Vista estava sendo administrada por uma gestão pública omissa. Nossa cidade ficou quatro anos desassistida. Nada de investimentos na área urbana e muito menos na área rural. Ruas com asfalto depredado e estradas vicinais sem manutenção. A população também ficou sem assistência em áreas como saúde e educação.
No que diz respeito ao poder público estadual, também ficamos desamparados, o ex-governador André Puccinelli não atendia as nossas solicitações. A região de Bela Vista tem 405 mil cabeças de gado e produzimos 200 mil toneladas de grãos anualmente. Contudo, as rodovias estaduais por onde escoa a produção local não dispõem de infraestrutura adequada. As obras de recuperação eram tardias e de má qualidade. Muitos proprietários consertam as estradas com recursos e equipamentos próprios.
A estrada das Caieiras, por exemplo, é uma rodovia que dá acesso a várias propriedades e assentamentos, e é por onde escoa a produção de uma das maiores empresas da região, a Calcário Oroytê. A empresa gera mais de 200 empregos e frequentemente tem prejuízo no transporte do calcário por falta de manutenção da estrada. As estradas da Apaporé, Damacuê, Água Amarela também são importantes para o tráfego de cargas e precisam de obras de reparos constantemente.
Para não dizer que ficamos totalmente esquecidos pelo ex-governador, sua administração deixou um herança para os produtores da fronteira, o chip eletrônico, uma sistema que não funciona e foi elaborado sem a participação dos produtores e entidades representativas. Esse é o Aquário do Pantanal da fronteira, um verdadeiro abacaxi. Nós de Bela Vista, estamos resistentes à adoção do chip, uma vez que o mesmo vem causando grandes transtornos nos municípios onde foi implantado.
Além da omissão das administrações municipal e estadual anteriores, somos reféns da empresa de energia elétrica que abastece Mato Grosso do Sul, a qual não consegue oferecer serviços de qualidade na distribuição de energia e cobra altas tarifas do consumidor. Na área urbana, ficamos sem luz constantemente, e algumas áreas rurais chegam a ficar até cinco dias sem energia, o que acarreta grandes prejuízos aos proprietários rurais.
Nós, dos municípios do interior, carecemos de mais incentivos e suporte do poder público para crescermos. Considerando que a economia do estado está baseada no setor primário, produtores e poder público devem estar unidos pelo mesmo interesse: o fortalecimento do agronegócio.
Estamos convictos de que o governador eleito, Reinaldo Azambuja, irá atender a demanda reprimida de Bela Vista e dos outros municípios. Desta forma, passaremos a contribuir muito mais com o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, reafirmando nosso status de produtor de carne e grãos.
Já mencionei em outra oportunidade, que as feiras agropecuárias são vitrines do que se produz no interior do estado, reafirmam o potencial de produção do homem do campo, associado ao conceito de qualidade, ao investimento em novas tecnologias e à prática de desenvolvimento sustentável. Além disso, movimentam milhões em negócios, fomentam a economia local e geram emprego e renda.
Em Bela Vista, em virtude da Expobel, o mês de julho é o segundo mês do ano com maior número de vendas em diversos setores do comércio, ficando atrás apenas do mês de dezembro.
Mesmo as feiras agropecuárias sendo um segmento importante na economia regional, os sindicatos têm grandes dificuldades em promover esse tipo de evento. Ofertar ao público uma exposição com boas rodadas de negócios, segurança e entretenimento custa caro e não dispomos de recursos específicos para tal promoção. É preciso fazer parcerias e contar com a boa vontade das prefeituras.
Diante dessa realidade, convido os colegas que representam os sindicatos patronais do estado que realizam feiras, as demais entidades representativas do setor, o poder público estadual e os produtores rurais para constituirmos uma Comissão de Eventos Agropecuários e Esportes do Meio Rural (laçadas e rodeios), com a finalidade de pautarmos diretrizes para a realização desse tipo de evento. Com isso, estaremos organizados e respaldados de argumentos para reivindicarmos aos poderes públicos a viabilização de recursos aos sindicatos rurais para a promoção de feiras, exposições, laçadas e rodeios. Essa é uma pauta que precisa ser amadurecida e discutida.
Bom, falamos das dificuldades e agora vamos falar das conquistas e das alegrias. Particularmente, a experiência como presidente sindical trouxe-me uma nova perspectiva sobre o trabalho em equipe e sobre a união entre a classe produtora. É somando forças que garantimos direitos e efetivamos conquistas. Exemplo disso, foi o status livre de febre aftosa, com vacinação, que os 13 municípios localizados na ZAV conquistaram em 2011. Este reconhecimento é fruto de uma ação coletiva e intensa, que contou com o empenho e o envolvimento de todos: produtores e profissionais da Iagro e do Mapa. Precisamos agora igualar a faixa etária a ser vacinada e o período de vacinação entre ZAV e Planalto, além de acabar com a exigência da identificação individual, a qual nos causa muitos transtornos.
Durante minha gestão, conseguimos realizar algumas melhorias no Parque de Exposições Rio Apa, reformamos o mangueiro do Centro de Eventos João Loureiro Pinheiro, passando a atender com mais qualidade as empresas leiloeiras e os nossos sócios, construímos novos banheiros, reformamos a estrutura dos pavilhões, o restaurante e a choperia.
Participamos das mobilizações nacionais e fomos às ruas do país em defesa da democracia e no combate à corrupção.
Continuamos cobrando dos governos estadual e federal medidas para solucionar as constantes invasões de propriedades e conflitos entre fazendeiros e índios decorrentes da demarcação de terras indígenas.
Promovemos cursos, palestras, otimizamos o atendimento aos nossos sócios e criamos uma nova identidade visual para o Sindicato Rural de Vista. Por meio do trabalho, consolidamos nossa marca de entidade séria, competente e comprometida com os interesses do homem do campo.
No mais, só tenho a agradecer aos amigos de diretoria e à equipe do Sindicato Rural que me acompanharam ao longo destes seis anos. Foi um desafio, mas sairei com o sentimento de missão cumprida.
Fica meu agradecimento ao prefeito de Bela Vista, Renato Rosa, que desde que assumiu a Prefeitura Municipal, mesmo com todas as dificuldades, tem sido um grande parceiro da Expobel, atendendo prontamente as nossas solicitações.
Aos patrocinadores que acreditam e fazem da Expobel um evento de sucesso todos os anos. Ao público que nos prestigia com alegria.
Agradeço especialmente aos meus familiares que sempre estiveram ao meu lado, aos meus filhos, aos meus pais, à minha esposa, Maria Luiza, que me incentivou, me apoiou e sempre foi compreensiva.
Enfim, agradeço a Deus, pois sem Ele nada disso seria possível.
Muito obrigado e sejam bem-vindos à 44ª Expobel!
